Cabo Verde reafirma vontade de criar parceria entre as companhias aéreas TACV e TAAG

Cabo Verde reafirma vontade de criar parceria entre as companhias aéreas TACV e TAAG

O primeiro-ministro de Cabo Verde reafirmou hoje, no Parlamento do arquipélago, que está a decorrer um processo que visa o estabelecimento de uma parceria entre as companhias aéras de bandeira de Cabo Verde, os TACV, e de Angola, a TAAG.

 Esta é uma questão que já vem de pelo menos 2018,mas que teve um reflorescimento quando, em 2021, o ministro dos Transportes angolano, Ricardo Abreu, esteve na Cidade da Praia em visita de trabalho e esta questão, a criação de uma parceria entre as duas transportadoras, foi um dos pontos cimeiros das conversas entre os dois Governos.
Esteve igualmente em destaque aquando da visita do Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, a Angola, este mês, onde deixou bem claro que Luanda e a Praia têm como dado adquirido o benefício mútuo de uma parceria bem conseguida entre os Transportes Aéreos de Cabo Verde e a TAAG.
Desta feita, no Parlamento insular, Correia e Silva, no âmbito de um debate mensal onde o chefe do Governo responde a uma fileira cerrada de questões dos deputados, disse, citado pela imprensa local, que a parceria entre as duas empresas é um processo que está a ser trabalhado pelos dois Executivos desde 2018 e que ambos os lados esperam agora "encontrar as soluções mais adequadas".
Esta afirmação do líder cabo-verdiano emerge de um debate acalorado no Parlamento que este mês foi dedicado ao tema dos Transportes e a Economia e a sua importância para uma Integração Regional do arquipélago, especialmente na África Ocidental.
Esta sub-região desperta os interesses tanto de Angola como de Cabo Verde, desde logo porque fazem parte da CEDEAO (Comunidade Económica da África Ocidental) alguns dos mais importantes países do continente, tanto pela sua economia, como é o caso da Nigéria ou a Costa do Marfim, como da sua geografia estratégica no sector, como é o caso do Senegal ou do Gana, além do Benim, Burkina Faso, Gâmbia, Guiné-Bissau, Guiné-Conacri, Libéria, Mali, Níger, Serra Leoa e Togo.
Ulisses Correia e Silva sublinhou mesmo que a TAAG pode ser o parceiro robusto, com músculo financeiro, que permita aos TACV - empresa que vive há anos uma profunda crise e o risco de sobrevivência só foi diluído com a sua privatização em 51% em 2019 - penetrar com maior facilidade neste importante mercado regional.
Uma das possibilidades que está em cima da mesa, disse ainda Correia e Silva, é a criação de uma empresa "low-cost" entre as duas empresas
O líder cabo-verdiano admitiu ainda que a ligação a Angola na área dos transportes pode ser alargada ao sector marítimo, numa fase subsequente.
A TAAG, recorde-se, está a ser reestruturada para que possa ser parcialmente privatizada. A empresa tem apresentado prejuízos avultados ano após ano.
Recorde-se que a 4 de Novembro de 2021, ministro dos Transportes foi a Cabo Verde defender a criação de uma parceria entre as companhias aéreas de bandeira dos dois países de forma a aproveitar sinergias através da criação de "hubs" no arquipélago e em Luanda para melhor aproveitamento das rotas nas respectivas sub-regiões da África austral e ocidental.
Ricardo Abreu, em conferência de imprensa na cidade da Praia, no final de uma visita de trabalho de 72 horas com o objectivo de potenciar os acordos existentes entre os dois países, sublinhou o interesse comercial da TAAG em restabelecer os voos para Cabo Verde "tirando partido" da sua localização geográfica.
Para a TAAG, segundo o ministro da tutela, em cima da mesa está a procura da melhor forma de potenciar a ilha do Sal e Luanda como "hubs" que permitam aproveitar comercialmente as rotas entre estas regiões continentais e nas ligações exteriores à Europa e às Américas.
"É nosso desejo, a nível de Angola, manter a companhia aérea de bandeira [TAAG] enquanto instrumento estratégico do país, mas esse crescimento tem de ser feito num formato mais sustentável", disse citado pela Lusa, apontando ainda para a necessidade de criação de parcerias para melhor ultrapassar os constrangimentos da crise pandémica.
No mesmo sentido falou o ministro dos Transportes de Cabo Verde, Carlos Santos, que apontou para breve o momento em que as duas empresas vão apresentar e dar a conhecer as complementaridades existentes e que são para implementar.
"Chegamos à conclusão que há de facto entre os dois países, entre as duas nações irmãs, espaço para uma maior intensificação nas relações, oportunidades muito interessantes que podem ser extraídas pelas empresas TACV e TAAG", disse o ministro cabo-verdiano, então citado pela Lusa.
"E podemos dizer que estamos a olhar seriamente para a criação de uma verdadeira parceira estratégica entre Angola e Cabo Verde, no domínio dos transportes, sejam eles aéreos, sejam eles marítimos", acrescentou.
Fonte: Novo Jornal (26 de Janeiro de 2022)


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